Santiago
Levantei-me perto das 9:30h, preparei-me e fui tomar o pequeno almoço enquanto me dirigia para a praça da Catedral. Aí, sentei-me a ler quando de repente recebo uma mensagem da Toshie a dizer que tinham chegado a Santiago. Rapidamente nos encontrámos e combinámos todos ir à missa do Peregrino ao meio-dia. A caminho da igreja de Santiago demos de caras com o John e logo atrás dele o Sohei. Como fomos todos em caminhos separados, nunca pensei encontrar ninguém... Após a missa fomos almoçar: eu, a Jess, a Toshie, o Sohei e a Nina, uma miúda alemã que a Jess e a Toshie conheceram no Caminho. Estávamos a acabar o almoço quando de repente passam por nós a Eduarda e a Estefânia, sendo essas então, quem não mais esperava ver. Afinal, Deus, Santiago e o Caminho ainda tinham algumas cartas na manga. Aparentemente não era suposto voltarmos a casa sem nos despedirmos convenientemente.
Após o almoço, as miúdas e o Sohei foram fazer o check-in aos respectivos albergues e eu voltei ao meu para ler um pouco. Reunimos novamente para um café e desta vez juntou-se a nós a Gail, uma senhora de 69 anos neozelandesa que veio do seu país para fazer o Caminho. "Aterrámos" num restaurante a beber Alvarinho fresquinho, todos, sem excepção. Quando esse restaurante fechou, encontrámos outro poiso e as miúdas pediram tapas, paelha e claro...vinho. Ficámos ali a rir e a conviver de forma mágica, entretanto a Gail vai embora e eu fui pouco depois. Não queria ir, tal como disse a Toshie, vai ser difícil voltar à vida do dia-a-dia, a uma rotina vazia de sentimento e propósito. Senti aquelas palavras... O que todos tínhamos vivido e experienciado nestas ultimas duas semanas tinha-nos transformado, de alguma maneira, a um nível muito profundo. A mim pelo menos, e creio que para a Toshie também. Mas um coisa boa do Caminho é que, quando quisermos, ele está sempre à nossa espera para nos tocar e transformar. Basta apenas querer...
Percebi e senti que na verdade, sou um peregrino da vida, pois esta é uma maratona e que se confiarmos no tempo, chegaremos inevitavelmente ao nosso destino. Tempo esse que é remédio intemporal para a cura da mente, do coração e assim, da alma.
Compreendi também que é importante levarmos a vida com a confiança em algo superior a nós, pois em alturas de dificuldade, é o que nos mantém a andar.
A vida é incrível na sua simplicidade, e amar também!
Quanto postei as fotos da minha chegada a Santiago num grupo do facebook de peregrinos, alguém me deu os parabéns e rematou:
- "Mais importante do que contar km, é fazer com que eles contem."
Sim, é importante viver a viagem e aproveitar o caminho, ao invés de estar focado no destino.
Uma coisa que não posso deixar de notar foi o apoio incondicional das minhas primas, tias e alguns amigos. Sabendo eles que me encontrava num momento de desafio profissional e pessoal, assim que lhes disse que me ia despedir e vinha fazer esta peregrinação e outras viagens até final do ano, o que senti imediatamente foi o apoio, o respeito pela minha decisão e o amor incondicional deles. Em todas as etapas do Caminho, foram sempre sabendo como eu estava, como estava a correr e uma força constante para continuar até ao fim. Não sei se sem elas, teria conseguido. De certa maneira parece que carregava a força de todos eles, que eles também queriam fazer este percurso porque lhes traria alguma paz e que de alguma forma, eu era o veiculo para isso acontecer.
Quando nos lançamos rumo a um objectivo, ou a uma viajem espiritual, é inevitável aparecerem mensagens ou lições que servirão como guias na nossa vida actual ou num qualquer momento no futuro. Deixo-te aqui algumas das que apanhei:
"Never walk alone."
"No pain, no glory."
" No sueñes tu vida, vive tu sueños."
ULTREIA: do latim. Vai em frente, mais além, coragem!
SUSEIA: do latim. Vamos lá!
Peregrino: Pessoa que viaja no estrangeiro a lugar santo por devoção ou promessa.
Peregrinar: Despojo material para partir em busca do auto-conhecimento, espiritualidade e fé. Ir mais além com coragem e determinação para purificar a alma.
Assim, Ultreia e Suseia são mais do que uma saudação, é também uma confraternização entre seres humanos na busca permanente da sua razão de ser e estar no mundo.
Estou agora na estação de autocarros e apanhar a "boleia" para casa e finalmente tentar perceber o que tudo isto significa para mim.
Após o almoço, as miúdas e o Sohei foram fazer o check-in aos respectivos albergues e eu voltei ao meu para ler um pouco. Reunimos novamente para um café e desta vez juntou-se a nós a Gail, uma senhora de 69 anos neozelandesa que veio do seu país para fazer o Caminho. "Aterrámos" num restaurante a beber Alvarinho fresquinho, todos, sem excepção. Quando esse restaurante fechou, encontrámos outro poiso e as miúdas pediram tapas, paelha e claro...vinho. Ficámos ali a rir e a conviver de forma mágica, entretanto a Gail vai embora e eu fui pouco depois. Não queria ir, tal como disse a Toshie, vai ser difícil voltar à vida do dia-a-dia, a uma rotina vazia de sentimento e propósito. Senti aquelas palavras... O que todos tínhamos vivido e experienciado nestas ultimas duas semanas tinha-nos transformado, de alguma maneira, a um nível muito profundo. A mim pelo menos, e creio que para a Toshie também. Mas um coisa boa do Caminho é que, quando quisermos, ele está sempre à nossa espera para nos tocar e transformar. Basta apenas querer...
Percebi e senti que na verdade, sou um peregrino da vida, pois esta é uma maratona e que se confiarmos no tempo, chegaremos inevitavelmente ao nosso destino. Tempo esse que é remédio intemporal para a cura da mente, do coração e assim, da alma.
Compreendi também que é importante levarmos a vida com a confiança em algo superior a nós, pois em alturas de dificuldade, é o que nos mantém a andar.
A vida é incrível na sua simplicidade, e amar também!
Quanto postei as fotos da minha chegada a Santiago num grupo do facebook de peregrinos, alguém me deu os parabéns e rematou:
- "Mais importante do que contar km, é fazer com que eles contem."
Sim, é importante viver a viagem e aproveitar o caminho, ao invés de estar focado no destino.
Uma coisa que não posso deixar de notar foi o apoio incondicional das minhas primas, tias e alguns amigos. Sabendo eles que me encontrava num momento de desafio profissional e pessoal, assim que lhes disse que me ia despedir e vinha fazer esta peregrinação e outras viagens até final do ano, o que senti imediatamente foi o apoio, o respeito pela minha decisão e o amor incondicional deles. Em todas as etapas do Caminho, foram sempre sabendo como eu estava, como estava a correr e uma força constante para continuar até ao fim. Não sei se sem elas, teria conseguido. De certa maneira parece que carregava a força de todos eles, que eles também queriam fazer este percurso porque lhes traria alguma paz e que de alguma forma, eu era o veiculo para isso acontecer.
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O que sentes no Caminho?
O que levas no Caminho?
O que deixas no Caminho?
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Caminando... Se hace el camino al andar. |
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Quando as pernas se cansarem, que o coração te leve. |
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Se quieres ir rápido, ves solo. Si quieres llegar lejos, ves acompañado. |
"Never walk alone."
"No pain, no glory."
" No sueñes tu vida, vive tu sueños."
ULTREIA: do latim. Vai em frente, mais além, coragem!
SUSEIA: do latim. Vamos lá!
Peregrino: Pessoa que viaja no estrangeiro a lugar santo por devoção ou promessa.
Peregrinar: Despojo material para partir em busca do auto-conhecimento, espiritualidade e fé. Ir mais além com coragem e determinação para purificar a alma.
Assim, Ultreia e Suseia são mais do que uma saudação, é também uma confraternização entre seres humanos na busca permanente da sua razão de ser e estar no mundo.
Estou agora na estação de autocarros e apanhar a "boleia" para casa e finalmente tentar perceber o que tudo isto significa para mim.
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Por fim, o melhor albergue de todos. |
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