Rubiães 19km
Esta noite dormi bem, tive que usar protector de ouvidos mas funcionou. Apesar do banho no rio e do descanso, o corpo ainda estava moído e levantei-me com dores. Um agouro para a prova de fogo do Caminho Português, a Serra da Labruja. Tomei o pequeno almoço e pus-me a caminho a um bom passo. Estava a correr bem quando aos 5k começam os desafios; um calo a chatear-me num pé esquerdo bem como o joanete, e na perna direita uma lesão muscular qualquer que me dificultava as subidas e descidas. Aparentemente o esforço do dia anterior tinha sido demasiado e fui além dos limites. Pensei como é que me iria safar na subida que ainda me esperava, ou seja, não conseguia dobrar a perna a 90º e muito menos apoiar-me nela para subir. Pensei, "Uso o apoio dos bastões para subir, uso a perna esquerda, vou devagar e eventualmente hei-de chegar ao topo". Funcionou e quando cheguei, havia uns tanques com agua de uma nascente à minha espera para me refrescar. Enfiei-me lá para dentro e fiquei novamente de molho uns 15min na esperança que a água fria fosse desinflamar a minha perna. Saí e comecei a preparar-me, pus-me a caminho outra vez e assim que coloquei a mochila e dei o primeiro passo, vi que chegar a Rubiães iria ser um desafio maior do que pensava, e ainda por cima agora tinha de descer. Tinha que arranjar maneira de descer em segurança, nem que tivesse que dar passos de bebé. "Quando chegar a terreno plano vai ser melhor", pensei. A custo, conseguir ir descendo, sentindo uma picada a cada passo que se tornava cada vez mais insuportável. Ao acabar a descida, encontrei uma farmácia e comprei um anti-inflamatório. Cheguei ao albergue pouco tempo depois, fui lavar a roupa, tomei banho, almocei e fui descansar. A perna está melhor e assim espero que fique, pois amanha vou directo a Porriño e para fazer os 37km, há que estar em forma. Uma coisa interessante que me tenho apercebido ao fim destes dias, é o facto de toda a gente lavar a roupa nos tanques. Apesar de que seria mais fácil meter na maquina de lavar, mesmo sendo a pagar. E como não sabemos quem está ao nosso lado, podemos estar a pendurar a roupa ao lado de alguém que ganha o ordenado mínimo, de um empresário, ou de um milionário. Não há forma de saber porque o Caminho apenas se preocupa em unir pessoas, e não em tabelá-las segundo posição social, nível de rendimentos ou qualquer outro tipo de classificação disponível, e assim sem filtros, damos-nos mais uns aos outros e aprendemos mais uns com os outros.
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