A intenção

Saudações,


Como alguém disse me disse uma vez:
"Nascemos sem pedirmos e morremos sem querer, como tal, há que aproveitar o intervalo."
E é precisamente nesse intervalo que devemos estabelecer um dos nossos maiores objectivos: partilhar a nossa história ao maior número de pessoas e quem sabe, com o nosso testemunho partimos conscientes de que não cairemos no esquecimento.
É a minha visão da vida que se vai clarificando pelas experiências que me definem.
Que Deus esteja com todos nós.

Peaceful Warrior
(Peaceful Heart, Warrior Spirit)









segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Caminho Santiago - Day 8

Pontevedra (12km)

Hoje, o dia foi curto. Fiz apenas 12km até ao albergue municipal. Arrancámos juntos novamente mas após 1km parámos para tomar café. Quando acabei, senti que deveria arrancar sozinho e assim o fiz. Encontrámos-nos novamente já perto do albergue e senti-me feliz por ter feito esta etapa sozinho. Talvez faça o mesmo amanhã.
Curioso que este grupo não se juntou por obra do acaso. Todos nós tivemos dificuldades na infância, especialmente com um ou ambos os nossos pais. É incrível como o Universo junta as pessoas baseado naquilo que mais intimamente as liga, é mais um comprovativo de que nada é por acaso e que tudo tem uma razão para acontecer. Talvez nos tenhamos juntado por alguma razão que ainda está para me chegar. Quiçá perceba isso durante o Caminho.
Fomos almoçar juntos e explorar Pontevedra que é uma cidade muito bonita repleta de monumentos muito antigos.


Ao fazer a etapa de hoje a caminho de Pontevedra, não pude deixar de pensar nos momentos passados com o grupo, particularmente a Tânia. Senti que ela era bastante controladora de quem entra na sua vida emocional, romanticamente falando. Controladora talvez seja muito forte, cuidadosa é se calhar uma palavra melhor.
Ao jantar, ela mencionou isto exactamente com as mesmas palavras (mais uma prova da lei da atracção). Perguntei se porventura ela teria receio de baixar a guarda e deixar alguém entrar e ela disse que sim. Claro, é compreensível, já estive na posição dela e sei o que isso é. Às paginas tantas ela diz que quem está feliz consigo mesmo (como ela), tem uma dificuldade maior em abrir-se para o romance, e que as pessoas que não são felizes consigo mesmas estão mais receptivas a isso pois procuram a felicidade noutra pessoa. Não percebi muito bem, assim com a Estefânia, e perguntei porque razão ela achava que uma pessoa infeliz consigo merecia procurar a felicidade MAIS que uma pessoa que é feliz consigo? Basicamente, ela deu o mesmo argumento, o que não me convenceu novamente. Ela diz que queria perceber a minha pergunta mas quando a começava a explicar, ela interrompia para argumentar. A Eduarda interveio a favor dela, a dizer que eu não estava a ouvir. Sinceramente, como podia não estar a ouvir quando a Tânia interrompia frequentemente? Estranho...  Não concordar com o mesmo argumento não significa necessariamente que não estivesse a ouvir mas... Anyway, admito que possa não ter compreendido ainda o que ela quis dizer, talvez não estivesse preparado. Da mesma maneira, compreendi talvez tarde demais que provavelmente a Tânia se estava a sentir desconfortável com tudo aquilo e que não devia ter insistido. Talvez devesse ter recuado, antes que aquilo que era suposto ser uma conversa confortável, ter levado uma volta estranha. O resto do jantar correu relativamente bem e depois voltámos ao albergue.
Sinto que tanto a Estefânia, a Eduarda e a Tânia estão num patamar mais avançado emocionalmente. Sinto que estão resolvidas e equilibradas com as suas vidas pessoais e que "não precisam" dos meus dramas. Desde há 4 dias que nos conhecemos que tenho vindo a ficar mais sério, bruto e seco. Talvez porque o viajar em conjunto tem feito com que não passe tempo suficiente a meditar com os meus pensamentos e os resolva, ou lide com eles, e estejam a ser "camuflados" pela brincadeira e galhofada constante. Claro que isto não é por causa delas, mas sim por causa de mim. Creio que talvez isto seja uma lição para a próxima vez que fizer o Caminho, vou fazê-lo sem tomar a iniciativa de revelar as minhas intenções a ninguém. Quem se cruzar comigo óptimo, mas a ideia é ter as minhas próprias intenções. Também posso estar a sentir-me assim pois talvez tenha inconscientemente criado expectativas para esta viagem assim como para este grupo, o que não fazia parte do plano inicial, mas se assim for, quais serão?  

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