Muitos de nós procuramos por vezes alguém com quem nos possamos identificar, que nos sirva de guia, alguém que nos dê alguma luz no meio da escuridão, quero dizer, em alturas de maior turbulência nas nossas vidas. Tenho aprendido contudo que os professores, mestres, não são encontrados apenas em cumes de montanhas ou em ashrams no Este. Os nossos professores apresentam-se sob a forma de amigos ou adversários, de nuvens, animais, vento e água. Momento a momento, os nossos professores revelam-nos tudo o que precisamos saber. A questão é: Estás a prestar atenção? Quando o aluno está pronto, o professor aparece...em todo o lado.
Também aprendemos através de experiências e circunstâncias, dificuldades e instrospecções. Considerem esta estória:
Zembu, um jovem samurai, teve um caso com a mulher do seu superior. Quando descoberto, ele matou o homem nobre em auto-defesa e fugiu para uma província distante. Incapaz de encontrar trabalho decidiu tornar-se num ladrão. Uma certa manhã, num flash de compreensão, Zembu olhou para o seu passado e viu o que tinha feito da sua vida. Decidiu assim realizar uma boa acção como um sincero acto de arrependimento por forma a reparar os danos que tinha feito. Algum tempo depois encontrou a sua oportunidade ao caminhar por uma estrada perigosa sobre um penhasco que tinha até à data causado a morte a tantas pessoas. Decidiu assim cavar um túnel através da montanha. Mendigando comida para se suportar durante o dia, Zembu cavava todas as noites.
Trinta anos mais tarde, quando o túnel já tinha pouco mais de 600 metros e a poucos meses de conclusão, Zembu foi confrontado por Katsuo, um jovem samurai que tinha vindo matá-lo para vingar a morte do seu pai, o homem nobre que Zembu tinha morto anos antes.
Ao enfrentar a espada de Katsuo, Zembu disse:
- "Dar-te-ei de bom grado a minha vida se me permitires apenas que complete o meu trabalho."
Assim Katsuo aguardou impacientemente ao longo de vários meses enquanto Zembu continuava a cavar. Ao ver que Zembu se aproximava do fim e cansado de não fazer nada, Katsuo começou a ajudar Zembu a cavar. Ao trabalharem lado a lado, Katsuo começou a admirar a enorme força de vontade e carácter do velho homem.
Finalmente o túnel estava terminado e os viajantes podiam agora passar em segurança.
Zembu virou-se para o jovem samurai:
- "O meu trabalho está feito. Podes agora cortar a minha cabeça.", disse.
Lágrimas caíam dos olhos de Katsuo enquanto perguntava:
"Como posso eu cortar a cabeça do meu professor?".
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