Como sabem pela vossa propria experiência, normalmente atribuimos o devido valor à escola quando já lá não estamos. Eu não fui excepção :). Por isso concluí o meu secundário em pós-laboral com uma média de 13. Sempre senti que não era mais do que um aluno mediano e maldizia os professores quando as coisas não corriam com queria. Ambas as situações vieram a revelar-se falsas quando olho para trás e avalio com mais maturidade e sabedoria.
Assim, entrei no CET Práticas Administrativas e Relações Públicas com o objectivo de concluir o curso com média de 15, aplicando as filosofias do meu mentor ao mesmo tempo que testava os meus limites físicos, mentais e emocionais. Até meio do curso tudo parecia correr bem, assim pensava e sentia. A partir daí o foco foi tal que se tornou obsessão; eram sábados, domingos e feriados agarrado aos livros, "alienando" família, amigos, namorada, desporto e a vida em si. As notas continuavam bem acima do 15 inicial, alimentando de uma forma subtil e selvagem o meu ego e o meu desejo interior de ser "o melhor". O cansaço começou a fazer-se notar em termos físicos e emocionais, a família avisava que não estava tempo suficiente com eles, os amigos queriam estar comigo e eu declinava porque tinha que estudar, os relacionamentos interpessoais no trabalho foram-se deteriorando pela minha postura cada vez mais rígida e fechada em busca da "perfeição profissional", ao invés da descontraída e alegre que sempre me caracterizou e que conquistou pessoas, a namorada avisava e eu prometia; prometia que era só mais um esforço e que depois teria todo o tempo do mundo para todos.
As aulas terminaram em meados de Fevereiro, o meu namoro também, aquilo que me ocupava a mente e o coração desapareceu de repente. Pouco tempo depois, comecei a sentir-me triste e melancólico, uma inexplicavel sensação de vazio interior apoderou-se de mim. A tranquilidade e paz pela qual trabalhei durante muito tempo e que me acompanhou esvaneceu, a raiva e frustração vieram ao de cima e fizeram jus à reputação de quão destrutivas podem ser para nós.
"Cuidado no que te tornas quando persegues o que queres." dizia Jim Rohn. Ele estava certo e eu ignorei; julguei ter tudo sobre controlo...
Por vezes o preço a pagar por uma recompensa é demasiado alto, e eu paguei-o sem dúvida nos mais diversos niveis da minha existência e do meu ser.
Um amigo meu foi-me advertindo de algo ao longo do tempo e que só agora valorizo e faz todo o sentido:
"Para além de teres passado menos tempo com a tua família e amigos, esqueceste-te de algo muito mais importante; Esqueceste-te de viver."
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